sexta-feira, 5 de setembro de 2014




SAUDADE


saudade dos becos das praças, 
saudade de correr e brincar, 
saudade da minha infância, 
e quando lembro, começo a chorar. 

saudade da primeira aula, 
saudade das massinhas multicor, 
saudade da primeira professora, 
Nadir era o nome, um amor. 

saudade do primeiro selinho, 
saudade de pegar na mão, 
saudade de olhar de longe, 
e sentir pulsar o coração. 

São saudades importantes, 
as que guardamos no coração, 
tem morada permanente 
sempre ao alcance da mão. 

VALENTINA FRAGA



A BELA FOTOGRAFIA





Na mesa de cabeceira 
Um lindo retrato se via 
E todos os dias olhava 
A bela fotografia. 

Dois corpos incendiados 
Entre olhares se perdia 
E tudo podia se ver 
Na bela fotografia. 

Havia grande desejo 
Que logo se sentia 
Ao olhar aqueles dois 
Na bela fotografia. 

O desejo demasiado 
Que aumentava dia a dia 
Era fácil se notar 
Na bela fotografia. 

Entretanto, desse amor, 
Muito pouco restaria 
Apenas o lindo sorriso 
Na bela fotografia. 

Valentina Fraga 

quarta-feira, 30 de julho de 2014









MIL DESEJOS


Se pudesse, nesse instante, 
nos teus braços me jogaria. 
Estenderia meu corpo 
e logo entenderias 
que se não fosse dessa maneira, 
de que outra maneira seria? 
E meu beijo em tua boca 
descanso seguro teria. 
Cheio de afeto e desejo 
meus braços estenderia, 
buscando o teu abraço, 
que urgente me encontraria. 
E ali, nossos corpos tão próximos, 
de amor se encheria, 
e seria muito gozo 
que certamente faria. 
Depois de tudo isso, 
de muito amor e orgia, 
ficariam as imagens 
que em versos se transformaria. 

Valentina Fraga 

sexta-feira, 18 de julho de 2014



O BEIJO

Nossas bocas coladas,
são pura sincronia, 
de línguas dançantes,
espalhando espasmos 
de prazer pelo corpo.
Tem um encaixe perfeito,
uma por dentro da outra
como dois corpos
a ocupar o mesmo espaço,
contrariando as leis da física.
nossas bocas coladas
dão prazer ao corpo inteiro.
Fazem mexer nossos braços
num balé infinito, 
a escorrer líquido pelo corpo,
a encontrar espaços,
recantos, refúgios secretos,
abismos de prazer.
nossas bocas coladas,
são suficientes, pra nos tirar da terra
nos tirar do mundo,
e fazer chegar
até onde vai a nossa busca
até onde se encontra nosso prazer.

Valentina Fraga

terça-feira, 15 de julho de 2014


UM POUCO DE VOCÊ DENTRO DE MIM


ENQUANTO VOLTAVA PRA CASA
LEVAVA COMIGO UM POUCO DE TI.
LEVAVA TEU OLHAR DE DESEJO,
E UM LINDO SORRISO MATREIRO.
AS MÃOS TOCANDO OS JOELHOS
MINHAS COXAS
E O CALOR QUE SUBIA
DEIXANDO-ME LOUCA.
O APERTO DO CORPO
NO TEU CORPO ENCONTRAVA
A REALIZAÇÃO DE UM SONHO
QUE A POUCO SONHAVA.
LEVAVA COMIGO TEU OLHAR DE DESEJO
E NA HORA DO GOZO
E DO ORGASMO, ME LEMBRO,
POR SENTIR-LO À TÃO POUCO.
E ANTES QUE ESQUEÇA
AINDA TRAGO COMIGO
POR DENTRO DAS ENTRANHAS
UM TANTO DO TEU GOZO.
E ASSIM, DEMORO BEM POUCO.
SUBINDO AS ESCADAS, VOU DORMIR,
APAGANDO OS INSTANTES DA TAL PROCISSÃO
QUE LEVEI PRA CHEGAR ATÉ ALI.
ENTÃO, SOSSEGO DEPRESSA
TENTANDO SONHAR
QUE O GOZO QUE TIVERA,
ACABARA DE GOZAR.
E DORMI BEM SERENA
COM UM PEDAÇO DE TI.
TEU GOZO AINDA QUENTE,
AINDA MORAVA EM MIM.

VALENTINA FRAGA

quinta-feira, 26 de junho de 2014


LOUCURAS DE UMA SAUDADE

Sinto-me louca,
Beijando beijos já beijados
Lembrando abraços,
Já abraçados.
Vejo-me estúpida
A formatar a boca
Pronta para o beijo,
E os braços,
A abraçar o próprio peito,
Enroscam-se,  
sem nada apertar.
E na escuridão da noite
Perco-me em gestos silentes,
Mergulhada em saudade.
De um lado,
mora um corpo inerte,
Do outro,
mora tua ausência.

Valentina Fraga

quarta-feira, 25 de junho de 2014






JANELA INDISCRETA

ELA TINHA O HÁBITO DE DESCANSAR DEPOIS DE UM DIA INTENSO DE TRABALHO EM UMA POLTRONA QUE FICAVA BEM PERTO DA PORTA QUE DAVA PARA UMA GRANDE VARANDA.  A VISÃO NÃO ERA DE TODAS, A MELHOR.  NOS DIAS ATUAIS AS CONSTRUÇÕES SÃO EXTREMAMENTE PEQUENAS E OS APARTAMENTOS, TEM MAIS  VARANDAS QUE MESMO CÔMODOS DESCENTES.  COMO ELA  ERA DESIGNER, RESOLVIA BEM ESSES PROBLEMAS, CAUSANDO INVEJA NAS AMIGAS, PELO BOM GOSTO E EXUBERÂNCIA DO LOCAL, MESMO SEM MUITOS LUXOS.   O FATO É QUE BEM TARDE, QUANDO TODOS IAM DORMIR, SEMPRE BEBERICAVA ALGUMA COISA, ESCREVIA ALGUNS ARTIGOS PARA UMA REVISTA DE DESIGNER E LIA BASTANTE.  UMA DE SUAS MAIORES DIVERSÕES ERA OLHAR A VIDA ALHEIA DAQUELE PONTO, ONDE NINGUÉM A OBSERVAVA.  QUANDO O CALOR CHEGAVA OPTAVA POR FICAR DO LADO DE FORA DA VARANDA.  NAQUELA NOITE, EM ESPECIAL, OBSERVOU QUE O HOMEM QUE COSTUMEIRAMENTE SENTAVA-SE NUMA REDE E PERDIA HORAS, MERGULHADO EM LIVROS, ENTRANDO PELA MADRUGADA ESTAVA LA.   NU DA CINTURA PRA CIMA, COM UM SHORT DE DORMIR.   COMO SEMPRE, MERGULHADO NUM LIVRO QUALQUER.   ELE SEMPRE ESTAVA LÁ, E ELA, SEMPRE O OBSERVAVA.  IMAGINAVA QUAIS LIVROS ESTAVA LENDO. ESPECULAVA, SE GOSTAVA DE ROMANCES, POESIAS...  ELA ERA ASSIM, SONHAVA DEMAIS, E ELE, DAQUELA FORMA, CHAMAVA SUA ATENÇÃO.  ELE A EXCITAVA PROFUNDAMENTE.  ELES MORAVAM EM BLOCOS DIFERENTES, E CERTAMENTE ELE NUNCA A TINHA VISTO.  CERTA VEZ ELA O VIU SAIR TODO VESTIDO.  ELE ERA ALTO, BEM MAIS ALTO QUE ELA.   ELA O ACHOU BONITO  E  EXCITANTE.  ISSO ACONTECEU NO MÁXIMO DUAS VEZES, SUFICIENTES PARA ALIMENTAR OS SONHOS DELA, COM ELE, ALI MESMO, NAQUELA REDE.  SEMPRE QUE ELE ESTAVA ALI, ABSORTO EM SUA LEITURA, ERA CERTO QUE ELA TAMBÉM ESTIVESSE, SÓ APRECIANDO, CADA DETALHE, CADA EXPRESSÃO NO ROSTO, CADA TROCA DE PÁGINA, CADA GOLE DE  ALGUMA BEBIDA QUE ELA NÃO FAZIA IDEIA.  NORMALMENTE ISSO ACONTECIA QUANDO A HORAS DA NOITE JÁ RASGAVAM A MADRUGADA.   A LUA ERA SUFICIENTE PARA REALÇAR A SILHUETA E A LUZ DIRECIONADA DO TETO, MOSTRAVA BEM, O LIVRO E O ROSTO DO HOMEM.  
CERTA NOITE DESSAS, COMO DE HÁBITO, ELE SENTAVA NA REDE PARA INICIAR SUA LEITURA.  A NOITE ERA QUENTE.  ELE CHEGOU-SE AO GUARDA CORPO E APRECIAVA A NOITE E TODO O SEU SILÊNCIO.  MUITA GENTE JÁ DORMIA E NÃO HAVIA FESTA NO PLAY.   RARAS ERAM AS NOITES EM QUE TUDO ESTAVA ASSIM.  O ACÚMULO DE GENTE E SUAS MANEIRAS PRÓPRIAS DE VIVER IMPEDIAM O SILÊNCIO TOTAL.  
ELE OLHAVA A NOITE COMO QUEM OLHA PARA O NADA, OU QUEM SABE, ALGUMA IMAGEM INUNDAVA SUA MENTE.   DEPOIS DE ALGUM TEMPO, SENTOU-SE, E POS-SE A FOLEAR O LIVRO COMO QUEM FAZ CARINHO NO ROSTO DE UMA MULHER. 
ELA ESTAVA ALI, APRECIANDO CADA DETALHE, COM SEGURANÇA, POIS ONDE FICAVA, ESTAVA BASTANTE ESCURO.  SERIA IMPOSSÍVEL PARA ELE, PERCEBER QUALQUER PRESENÇA, TAL ERA SEU ESTADO DE CONCENTRAÇÃO.  ELA DARIA TUDO PARA SABER SOBRE SEUS PENSAMENTOS MAIS ÍNTIMOS.
DEPOIS DE ALGUM TEMPO, SEM RAZÃO LÓGICA, ELA PERCEBEU QUE ELE SE MEXIA DE FORMA ESTRANHA.  LEVANTOU-SE E FICOU NA MESMA POSIÇÃO INICIAL.  PERCEBEU NITIDAMENTE QUE ELE TOCAVA-SE EM SUAS PARTES ÍNTIMAS E ISSO NUNCA HAVIA ACONTECIDO.  O SANGUE DELA COMEÇOU A FERVER.  ALGO EM SUAS ENTRANHAS BORBULHAVA E TODA A EXCITAÇÃO DE TODO ESSE TEMPO DE APRECIAÇÃO DAQUELE HOMEM ERA LIBERADA NAQUELE MOMENTO.  ELA TINHA A CERTEZA QUE ELE ESTAVA COMPLETAMENTE FORA DE SI.  DEVIA ESTAR PENSANDO EM ALGUMA MULHER, DE CORPO MACIO, DE PELE SUAVE, POIS, LOGO DEIXOU A MOSTRA A SILHUETA DE SEU ÓRGÃO, E COM SUA MÃO, MASSAGEANDO DEVAGAR, E LOGO ELA ESTAVA TOTALMENTE PERDIDA, E SE TOCAVA EM SUA POLTRONA ACOLCHOADA, E ELES, NUM MOVIMENTO TOTALMENTE SINCRONIZADO, ELE PERDIDO EM SUAS LEMBRANÇAS CHEGANDO AO GOZO E ELA APRECIANDO AQUELE HOMEM VIRIL, TOCAR-SE DE MANEIRA TÃO EXCITANTE, CHEGOU AO ORGASMO.  UMA VERDADEIRA LOUCURA.  OS DOIS GOZARAM JUNTOS, NO MESMO INSTANTE, SEM AO MENOS SE CONHECEREM.  DEPOIS DISSO, ELA LEVANTOU-SE, PARA SE ACALMAR TOMOU UMA BEBIDA, E ELE, AGORA, RESTABELECIDO DO ÊXTASE, OLHOU PARA UM LADO E PARA OUTRO, COMO A PERCEBER QUE ALGUÉM O OLHAVA, VIROU-SE RAPIDAMENTE E SENTOU-SE NOVAMENTE NA REDE, E ABSORTO EM SEUS PENSAMENTOS ADORMECEU.  ELA PERMANECEU ALI, COMO A VELAR SEU SONO POR ALGUM TEMPO E DEPOIS TAMBÉM ADORMECEU.  
CERTAMENTE, NUNCA SE ENCONTRARIAM, MAS, VIVERAM JUNTOS, ENTRETANTO, SEPARADOS, UM MOMENTO ÚNICO EM SUAS VIDAS. 
E A PARTIR DAQUELA DATA ELA ESTARIA SEMPRE ALI, A ESPERA, PRA QUE NOVAMENTE, SEM SABER, ELE A CONDUZISSE A VIAGENS COMO AQUELA. 

VALENTINA FRAGA


sábado, 21 de junho de 2014


QUE ME VENHAS PELO VENTO


Quem me dera o vento macio,
Trouxesse em ondas leves
Os sussurros de amor que tanto gosto.
Tua voz grave, e o hálito quente
Pudesse sentir bem perto do ouvido.
Quem dera esse mesmo vento,
Trouxesse o calor do teu corpo
E  meu corpo aquecesse,
E ali, sem pudores,
Pudéssemos nos amar
Entre pensamentos e delírios,
E o vento quente
me levaria longe
Como em tantas vezes me levaste.
Quem me dera o vento
Te trouxesse mais perto,
e bem que poderia deixar de existir,
se, te deixasse ao meu lado.
Quem me dera, ficasses bem perto
e de forma verdadeira,
ouviria tua voz e sentiria teu hálito
e teu calor a aquecer meu corpo
saudoso das tuas carícias.


Valentina Fraga

segunda-feira, 16 de junho de 2014






ENTREGA TOTAL



Quando me entreguei ao amor 
foi muito mais que o olhar. 
mais que línguas dançando nas bocas ávidas, 
muito mais que braços e pernas, 
muito mais que pênis e vagina a se completar 
muito mais que orgasmo e esperma, 
a escorrer pelo corpo molhado. 
Quando me entreguei ao amor, 
foi muito mais que desejo profano 
muito mais que uma simples putaria, 
daquelas que se pagam e encontram em cada esquina 
com decotes ousados, 
pernas de fora, 
batom vermelho 
marcando o contorno da boca, 
e cheiro de sedução. 
Quando me entreguei ao amor 
antes de tudo confiei, ah! Como confiei... 
Antes do corpo entreguei minha alma, 
sem duvidar de coisa alguma. 
Me fiz de mulher, 
de amante, 
disposta a qualquer capricho, 
a qualquer fantasia, 
e sem pedir nada em troca, 
que não fosse aquilo que estava dando. 
Quando me entreguei ao amor, 
entreguei meus pensamentos, 
meus versos, 
minhas tintas, 
minha poesia, 
minha arte, 
meu dia, 
minha noite, 
minha alma. 
Nada cobrei. 
Nem presentes, 
nem dinheiro, 
nem carinho fora do tempo, 
nem dedicação. 
Quando me entreguei ao amor 
deixei até que me chamasses de puta, 
mesmo sabendo que não era só de corpo a minha entrega. 
Deixei que soubesses que te amava, 
afinal, era a primeira vez que me declarava, 
tão abertamente. 
E assim saíam as palavras da minha boca: 
- Eu te amo! 
Entende? 
Eu te amo! 
E foi assim, 
feito de entrega, 
de amor, 
de poesia, 
de verso 
de arte 
o meu amor. 

Valentina Fraga

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quarta-feira, 11 de junho de 2014







O SEQUESTRO

"Você é muito louca!!!"
Essa foi a exclamação de Catarina, ao saber os planos da amiga para encontrar seu homem.
Liz estava alucinada de saudades, mas, os compromissos diários
e todo o tumulto de sua vida não lhe deixavam brechas para maiores fantasias.
Não tinha notícias de seu amado a muitos dias. Sabia onde encontra-lo, mas não se sentia confortável de visita-lo sem anúncio.
Os dias iam passando e cada vez mais a lembrança do último encontro fritava-lhe os miolos.
Noite dessas, todos saíram e Liz, para dar vazão aos seus instintos animais, resolver ver um filme erótico.
A história se passava em um celeiro americano, cheio de fenos, selas, equipamentos de montaria, botas, cintos, chicote e coisas do tipo.
Os protagonistas em muito pouco ou quase nada pareciam-se com Carlos e Liz, mas era bom de ver aqueles corpos dourados, cabelos claros, olhos claros, pele firme, transando no estilo cowboy.
O local, os corpos, as posições, tudo mesmo, aumentava ainda mais o tesão de Liz.
Ocorreu-lhe uma ideia das mais loucas.
Apesar de seu amado viver trancafiado em uma torre quase intransponível, não era difícil vê-lo saindo para almoçar.
O plano era um sequestro relâmpago. Pois é, não haveria escapatória.
Alguns dias passaram e  não deixava de pensar no assunto, e tratou de colocar o plano em prática.
Conhecia um amigo de escola que havia se desviado do mundo dos homens de bem. Disse-lhe que em nome de sua amizade, iria precisar de um serviço especial.
-Hamilton, meu amigo. Estou precisando de você. Tem um cara me devendo um lance e preciso que você dê um jeito de traze-lo a um lugar pra que eu lhe cobre uma dívida.
-Que isso amiga?! Deixe que eu dou a prensa. Ele não perde por esperar.
-De jeito nenhum. O assunto é pessoal e intransferível. Quero eu mesma conversar com ele. Depois eu dou um jeito de solta-lo. Deixa comigo.
-Ok. Manda ver. Qual é o lance?
Liz lhe deu todas as instruções, mostrou foto, horário que saia e todas as informações necessárias.
-Ao mesmo tempo, descolou um local irado, e gastou uma grana pra coloca-lo igualzinho ao filme que tinha visto.
Chegado o dia, Carlos inocentemente saiu para almoçar. Quando estava a uma distância razoável, um carro parou perto dele e como é muito distraído, não deu importância. Desceram dois caras de dentro e, encostando nele, pediu que entrasse no carro.
Carlos foi sempre equilibrado em todas as situações e entendeu que estava sofrendo um sequestro relâmpago e que o máximo que poderiam fazer era limpar sua conta bancária com o permitido para o horário, ficar sem o dinheiro disponível no bolso e o uso de um cartão de crédito com limite baixo. Não era homem de altos gastos.
Tratou de ficar quieto e esperou que os bandidos tomassem a iniciativa.
Há certa altura, começou a ficar incomodado, pois, sentia que o carro andava e não chegavam a lugar algum.
-Onde estamos indo? Perguntou.
-Amigo, só estamos levando você a um lugar solicitado, e não sabemos de nada.
Ele estranhou a resposta polida e a falta de agressividade, peculiar nesses casos.
Começou a sentir um cheiro de mato. Pediu a Deus que não lhe fizessem nada de ruim, e sem entender quem poderia querer seu mal só teve que manter a calma e ter paciência.
Ele estava vendado, o que lhe incomodava bastante.
- Chegamos, é aqui.
-Chegamos onde?
-Onde pediram pra te trazer.
Tudo era silêncio um silêncio horrível.
Abriram a porta, lhe colocaram para dentro de um local fechado e foram embora.
-Ele perguntava. Quem está aí?
Nenhuma voz.
-Escutava passos bem próximos.
Não havia o que identificar. Passou a perceber com outros sentidos. Sentiu um cheiro, e não era doce. Alguma coisa amadeirada, um galpão.
-Por favor, me diga o que estou fazendo aqui.
Sentiu um corpo rodear o seu, e começou a sentir um cheiro gostoso, um cheiro que já havia sentido.
Logo, Liz inquieta, abaixou e beijou-lhe a nuca.
-O que é isso?
E uma voz bem baixinha falou.
-O que é isso não meu amor, quem é essa?
Ôpa, ele também conhecia a voz.
De repente ele falou:
LIZ! Eu não acredito!!!
Ela sorriu, de prazer... Seu cheiro, e a pressão do seu beijo, estavam tão gravados dentro dele, que ao senti-los, ele foi capaz de identificar.
-Liz, eu estou muito chateado. Você me deixou estressado demais!
-Eu sei meu amor, mas essa era a única forma de te ver. Você não escreveu mais, não deu mais sinal, e eu estava com muito desejo de você. Eu seria capaz de muito mais, pra ter um pouquinho de você.
-Mas não precisava disso, você poderia me procurar lá.
-Você sabe, que eu só vou, quando você me chama, então resolvi te tirar de lá.
Depois disso, Liz começou a alisar Carlos, e roçar no corpo dele...
Ele percebeu que ela estava nua, ou quase isso.
Ela tirou-lhe a venda. Ele ficou louco com o que viu.
Ela estava com uma lingerie de couro, e botas até os joelhos. Trazia na mão um chicote, e o ambiente estava todo cheio de feno e selas.
Era tudo uma louca fantasia.
Ela foi se encostando nele, sentou em seu colo de costa e foi roçando a bunda nele e depois virou e ficou roçando os seios em seu rosto e ele foi ficando excitado.
Ele ainda estava amarrado com os braços para trás e ela aproveitou para abrir o zíper e tirou-lhe o membro para fora, e já estava duro.
Ela não se conteve e ajoelhou de quatro e abocanhou o membro, fazendo Carlos subir pelas paredes. Aquilo lhe deixava louco e ela sabia bem.
Depois o beijou profundamente e perguntou se ela o soltasse, o que ele iria fazer. e ele falou.
-Eu quero fugir, pra dentro de você.
E ela o desamarrou.
Ele voou pra cima de Liz com tudo. Jogo-a sobre o feno e foi beijando seu corpo inteiro, lambendo cada pedaço, chupou-lhe o sexo de maneira doce e depois bem forte, tirando-a do eixo.
Ele disse que queria possui-la por trás e ela ficou de quatro, e Carlos deu estocadas firmes, como um garanhão tomando posse de sua potranca.
Liz não fez por menos. Virou-se rápido e jogou Carlos no feno e chupou-lhe o membro até ficar enorme, grosso, e logo sentou-se sobre ele, enterrando todo dentro de sua boceta molhada, que já estava preparada desde cedo.
Valentina cavalgou deliciosamente sobre aquele membro que ela adorava, beijando seu homem gostoso.
Enquanto isso gritava:
- Você é uma delícia, meu amor. Me ama assim, bem gostoso, assim... isso...
Eu não quero mais ninguém, só quero você.
- Então minha gostosa, deixa eu te amar bem forte pra você sentir te possuindo toda.
- É só isso que eu quero, o tempo todo, você dentro de mim, seus beijos deliciosos, vai meu amor, me dá tudo que você tem de bem gostoso, isso, bem quente.
E eles gozaram juntos, com Liz cavalgando na pica grossa de Carlos.
Depois disso descansaram um pouco, e ele ligou para a empresa, avisando que teria de resolver um problema e não voltaria mais.
Novamente depois de algum tempo de recuperação, Liz começou a alisar Carlos e ele ficou duro novamente então ela pediu que gozasse em sua boca, e tudo aconteceu de maneira deliciosa.
Ela adora chupar aquele membro gosto e ela adorava ser chupado por aquela boca gostosa que o engolia inteiro.
Enquanto isso, ele enfiava os dedos nela, buscando seu prazer, e o fazia com eficiência.
-Liz, lambia-lhe o falo e passava a língua em volta da cabeça, grande e vermelha que pulsava em sua boca.
Até que os dois chegaram juntos ao gozo, a assim fizeram mais duas vezes, até que exaustos, descansaram.
Liz resolveu dar liberdade ao cativo, desde que prometesse não demorar tanto tempo para vê-la novamente.
- Não demore pra me procurar. Eu sou capaz de qualquer coisa por você, meu amor.
- Tá bom minha linda, eu obedeço.
E assim voltaram à cidade que estava mais próxima do que imaginavam. E aquele lugar ainda seria cena de muitas estrepolias daqueles dois.

Valentina Fraga


sábado, 7 de junho de 2014




DESENHO NAS ESTRELAS




Meu olhar, já não procura.
Não por acaso, é premeditado.
Já que são poucas as escolhas,
se não olho, não vejo,
se não vejo não sinto.
Já me basta a voz perturbadora,
e o contexto, além do texto,
além da intenção de deixar claro,
a falta do desejo ou de qualquer intento.
Sobra-me o firmamento,
a noite escura, o céu pontilhado,
sem figura.
E mesmo assim, meu maldito e criativo olhar
liga pontos, promove curvas,
sublinha o queixo, nariz, olhos,
orelhas, cabelos,
e na negritude da noite alta,
vem o brilho da lua,
sobre a figura decalcada, que tem
intenção de um rosto, teu rosto,
tua imagem.
Ali, estou segura, é apenas uma figura,
não há alma, não há troca.
O desejo não aflora.
Fico ali, parada, na esperança,
que a figura desça dos céus,
se torne carne, se torne gente,
se torne sentimento,
como o meu.

Valentina Fraga

sexta-feira, 6 de junho de 2014

CINTA LIGA

 



CINTA LIGA


PASSAVA EM FRENTE A UMA LOJINHA NOVA,
BEM PERTO ONDE TRABALHO.
ROUPINHAS TRANSADAS, MALHAS CONFORTÁVEIS.
DEI UMA ENTRADA, PRA PRESTIGIAR O COMÉRCIO.
LÁ DENTRO, HAVIA UMA ARARA, ESSAS COISAS
QUE COLOCAM AS ROUPAS PENDURADAS,
E NELA, UMA INFINIDADE DE ROUPAS ÍNTIMAS.
UMA EM ESPECIAL CHAMAVA ATENÇÃO.
UM PERFIL DE MULHER EM ARO BRANCO
COM UMA ROUPINHA ÍNTIMA DE DAR GOSTO.
NO FORMATO DAS COXAS, HAVIA UMA MEIA 7/8
COM RENDA NA PONTA, LIGADAS POR UMA RENDA BEM FININHA,
PRESA A UM ESPARTILHO COM BOTÕES BEM PEQUENOS,
E UMA CALCINHA MÍNIMA, QUE COBRIA OS MÍNIMOS PELOS.
AQUELE MANEQUIM ESTILIZADO DAVA MARGEM
A VÁRIOS PENSAMENTOS.
DAVA PERFEITAMENTE PRA ME IMAGINAR DENTRO DELA,
TODA OFERECIDA, DESFILANDO PRA O MEU AMOR,
EM UM CANTO QUALQUER DO MUNDO.
E ALI, PEÇA POR PEÇA, SENDO DELICADAMENTE RETIRADA,
DESCOBRINDO CADA PEDAÇO DE PELE BRANCA.
A ROUPA É LINDA, MAS IMAGINO QUE ELE GOSTA MESMO,
É DE RETIRAR CADA UMA,
MORDISCANDO A PELE, LAMBENDO CADA PARTE,
SENTINDO MEU CALOR...
OLHA, ESSA VITRINE ME FEZ VIAJAR,
A LUGARES DISTANTES, EM PENSAMENTOS INESPERADOS.

Valentina Fraga


BANCO DE JARDIM


O banco do jardim
recebia nossos assentos.
entre tantas plantas,
mata em volta
seguia nosso olhar, desatento.
E todo o resto,
Outras pernas, outros corpos
outros sorrisos, outros gestos,
e nossos assentos, ali, colados
no banco todo pintado.
Entre um olhar e outro,
devaneio de pensamento,
que mesmo ali, ia longe,
em tantos outros momentos.
Roçava-me a mão na perna
com intenção boa,
de lembrar-me que a pouco
teu corpo roçava inteiro,
e nos ouvido cantavas
a poesia que ressoa.
Olhavas novamente, e o olhar
matreiro, de modo inteligente
dizia que dali a pouco
novamente viria,
e teu corpo no meu corpo,
em breve se encontraria.
E no banco de jardim
escondido em meio a mata,
guardava os pensamentos
e a ninguém revelava,
o desejo escondido,
sem do olhar escapar,
a vontade que ficava
do quando queriam amar.

Valentina Fraga

quinta-feira, 5 de junho de 2014




A FLOR DO DESEJO


A FLOR DO DESEJO SE ABRE,
COM SUAS FOLHAS SUCULENTAS,
ÚMIDAS DE DESEJO,
MOLHADA COM O ORVALHO PRÓPRIO.
A FLOR DO DESEJO SE ABRE
COM SUA DOCILIDADE,
DESEJANDO SER POLINIZADA,
DESEJANDO RECEBER E DAR.
A FLOR DO DESEJO SE ABRE
COM SUAS PÉTALAS RÓSEAS,
COM A MACIEZ DELICADA
JAMAIS VISTA.
A FLOR DO DESEJO SE ABRE
QUERENDO SER AQUECIDA,
QUERENDO SER ADORADA,
QUERENDO SER AMADA.

Valentina Fraga


TARDES QUENTES DE SÁBADO


OS DIAS TEM SIDO TÓRRIDOS. O CALOR INSUPORTÁVEL LEVA MILHARES ÀS PRAIAS.
NÃO GOSTO DE SOL, DA ÁGUA SALGADA, E MUITO MENOS DA AREIA QUE AGARRA NO CORPO LEMBRANDO UM PRATO À MILANESA.
GOSTO DO TEMPO AMENO, E PORQUE NÃO, FRIO. O CORPO MANTÉM SEU EQUILÍBRIO, AS ROUPAS DÃO ELEGÂNCIA, OS SONS SÃO MODERADOS, E TUDO FICA MAIS TRANQUILO.
TENTANDO FUGIR DESSE DESEQUILÍBRIO DE TEMPERATURA, ARRUMEI A BOLSA, E FUGI PRA O MEU PARAÍSO PARTICULAR, EM BUSCA TÃO SOMENTE DE DESCANSO E UMA TEMPERATURA QUE ME DESSE UM POUCO DE PAZ.
PELO CAMINHO, IA COMO CRIANÇA COM O CELULAR, PROCURANDO NOS SITES DE CLIMA, ALGUM QUE ME DESSE ESPERANÇA DE ENCONTRAR MINHA ATLÂNTIDA, MEU REINO PERDIDO.
34°, 32°, E CHEGANDO MAIS PRÓXIMO 29°, E AÍ PERMANECEU. NUVENS CARREGADAS NOS PICOS DAS ELEVAÇÕES GARANTIAM QUE O SOL ESCALDANTE NÃO CHEGASSE NA TERRA.
MEU CANTINHO FICA ENTRE O MAR E A MONTANHA. MAR QUE SÓ VEJO DA VARANDA E COM MINHA CÂMERA FOTOGRÁFICA ACOMPANHO O POR DO SOL, DA MESMA FORMA A MATA SÓ ME PRENDE PELO OLHAR. TENHO MEDO DE BICHOS, PORTANTO, ESPIO DE LONGE.
LOGO QUE CHEGUEI TOMEI UMA DUCHA, RAZOAVELMENTE FRIA. O CALOR HAVIA AQUECIDO A ÁGUA EM TODOS OS CANTOS.
LEVEI UM ROMANCE QUE JÁ HAVIA LIDO, E QUE NÃO LEMBRAVA MAIS. CONSUMO UM LIVRO EM DOIS DIAS, MAS, MINHA MEMÓRIA É ABSURDAMENTE PEQUENA E VOLTA E MEIA, RETORNO A LEITURA, E É COMO SE TIVESSE LENDO PELA PRIMEIRA VEZ.
ROMANCE FUTURISTA, UMA SÉRIE DE 20. JÁ LI 13. TODOS EMOCIONANTES, E DENTRO DELES A HISTÓRIA DE UM CASAL APAIXONADO, COM TODOS OS STRESSES DA VIDA A DOIS E COM TODO O EROTISMO CONTADO DETALHE A DETALHE.
QUANDO O CALOR SUBIA, LENDO CENAS EXCITANTES, PARAVA, TOMAVA ÁGUA BEM GELADA, UM OUTRO BANHO, E SEMI SECA E NUA SENTAVA MAIS UMA VEZ RETOMANDO A LEITURA.
O EROTISMO FICAVA NO LIVRO APENAS, PORQUE MEU AMOR NÃO ESTAVA ALI.
O ATO FICAVA EM SUSPENSO, PROCURANDO APENAS NA MEMÓRIA, POR MOMENTOS JÁ VIVIDOS, E TUDO SE MISTURAVA COM AS CENAS DESCRITAS NA HISTÓRIA, E NA VIRADA DAS PÁGINAS, REVIRAVA MINHAS SAUDADES, SENTIA NO ROSTO AS MÃOS FORTES, NO CORPO, O CALOR DO OUTRO CORPO, NOS OUVIDOS, O SUSSURRO GOSTOSO DIZIA DO DESEJO INCONTIDO, DA VONTADE DE INVADIR MEU CORPO, DE ME TORNAR SUA, DE VIAJARMOS ENTRE A REALIDADE E O SONHO.
O UNIVERSO DE LEMBRANÇAS ENTRE UMA PÁGINA E OUTRA, CONTAVA CADA ENCONTRO, CADA DETALHE, CADA GOZO, ONDE ME PERDIA NOS BRAÇOS DO AMADO, E EXCITAVA-ME A MEMÓRIA E O LIVRO, E ME FAZIA PROTAGONISTA NOS DOIS CASOS. ERA NO LIVRO, A POLICIAL DETERMINADA CASADA COM UM HOMEM RICO, VIVENDO UM FUTURO DISTANTES ENTRE VIAGENS INTERGALÁTICAS, E TODA A SORTE DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS E AVANÇOS DA CIÊNCIA, QUE A MENTE CRIATIVA FOI CAPAZ DE DESCREVER EM SUAS HISTÓRIAS, E NA VIDA REAL, UMA MULHER COMUM, QUE VIVE NESTE SÉCULO, SEM MAIORES POSSIBILIDADES ANDROIDES, QUE NÃO CAI DE PENHASCOS SEM SE MACHUCAR, QUE NÃO LEVA TIROS SEM MORRER, ENTRETANTO, COM O MESMO DESEJO, COM A MESMA SEDE E FOME, DA PERSONAGEM DO LIVRO.
SOMOS AS DUAS DESTE SÉCULO. UMA COM CRIATIVIDADE SUFICIENTE PARA EXPOR NAS LINHAS DE UM LIVRO IDEIAS FUTURISTAS, E OUTRA QUE LÊ TODA A HISTÓRIA, E QUE SE ENCANTA COM A CRIATIVIDADE DA ESCRITORA, COM AS POSSIBILIDADES FUTURISTAS, MAS, O QUE REALMENTE ESTABELECE O ENCONTRO, É A HISTÓRIA DE AMOR SALTEADA ENTRE AS PÁGINAS. É O ENCONTRO QUENTE DO HOMEM E DA MULHER QUE SE AMAM. É O DETALHAMENTOS DE CADA CENA DE AMOR E SEXO ENTRE OS DOIS.
A HISTÓRIA EM SI É FANTASIA PURA, MAS O ROMANCE, ESSE É REAL.
E ALI PASSO A MINHA TARDE DE VERÃO, NUA, BUSCANDO A SOMBRA, UMA BOA LEITURA, E A MELHOR LEMBRANÇA DO MEU AMOR.

VALENTINA FRAGA

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quarta-feira, 4 de junho de 2014



"Quadro belíssimo
que nenhum pintor inventaria." (Mauro Velasco)


UMA PINTURA ERÓTICA

Eles fugiram para o paraíso, bem, pelo menos, o mais próximo disso. A casa é confortável, aconchegante. Fica bem no meio de uma reserva florestal. A casa é toda rodeada de belas árvores e na frente, vê-se o mar. Tudo que alguém pode esperar em questão de paz, conforto e tranquilidade.
Sempre que podem, fogem para lá. Fogem do mundo arisco, do mundo de descaminhos, do mundo onde o que é, não pode deixar de ser, e quando eles encontram um espaço na agenda, onde sabem que não estão sendo vigiados por todos os lados, pegam a estrada e rumo ao cantinho do prazer.
O que ela mais gosta, depois de fazer sexo com ele, é pintar, e o que ele mais gosta, depois de fazer sexo com ela, é ler, então, dentro desse universo particular, quando não estão se amando, ou fazendo uma pausa pra recompor as energias, é fazer a segunda coisa que mais gostam.
Ele estava lendo um romance que foi divulgado na mídia e chamou sua atenção. Seu canto predileto, é uma das laterais da casa, com uma varanda larga, com boa iluminação e excelente ventilação. uma rede confortável e almofadas em volta, mais parecendo um ninho.
Ela já não tinha tanto conforto, pois pintar, requer uma postura firme, de preferencia em pé, e com os apetrechos à volta para facilitar o trabalho.
Estavam a uma distância de seis metros, pra que a cheiro da tinta não incomodasse seu homem.
Ela havia decidido pintar um auto retrato. O quadro seria o seguinte:
Ela mesma, pintando uma tela, em pé, nua, com saltos altos, apenas com um avental pequeno na frente para não se sujar, muitas tintas em volta.
Ela estava em frente a uma grande porta de vidro espelhada, o que lhe dava conforto para rabiscar a cena na tela.
A cena evoluía, com ela pintando e ele lendo.
A certa altura, ele começou a observa-la, e devora-la com os olhos.
Já não conseguia concentrar-se na leitura. O romance já não tinha tanta importância.
Bem ali, à sua frente, estava a mulher que ele desejava em todos os segundos do dia.
Olhava para o livro, olhava para aquele corpo nu à sua frente, o rascunho do seu corpo na tela, as tintas à volta, e seu membro já começava a despertar, tomar forma, a ficar duro, e ele começava a remexer-se na rede, e chamou atenção dela.
Ele começou a tocar-se, e ela percebeu, então propositadamente, deixou um pincel cair embaixo de um banco próximo, e abaixou-se a fim de recuperá-lo, e era linda a visão daquela mulher nua, com as ancas voltadas para o lado do seu amado, e ele estava perturbado com a visão de sua bunda, lisinha, sua vagina exposta, colocando-se à disposição dele, até que não aguentou e chamou-a para ver o estado que ele estava.
Ela chegou perto, tirou o avental, ajoelhou-lhe do lado da rede e tocou seu membro delicadamente, e começou a brincar com ele, e ele estava muito excitado, então ela levantou-se, passou uma das pernas sobre a rede e sentou-se sobre ele, e o engoliu profundamente, e começou a jogar seu peso para que a rede balançasse no ritmo dos dois, lentamente, e depois freneticamente, e o homem enlouqueceu, e os dois se abraçaram e se beijaram, e se lamberam e ela mais uma vez comia seu homem, cheia de desejo,
e fizeram na realidade o que ela pretendia pintar na tela, acrescentando o homem na rede, e ela o comendo, o dominando, o deixando completamente fora de si.
E assim os dois chegaram juntos ao gozo, e depois disso repousaram, juntinhos, sentindo o vento da tarde, arrepiando a pele, e deixando claro que aquela era umas das coisas que eles mais gostavam de fazer.

Valentina Fraga


NAS VARANDAS DA MINHA CASA 

AS VARANDAS DA MINHA CASA, APONTAM PARA NORTE, SUL, LESTE E OESTE. DE ONDE VIERES ESTAREI A TUA ESPERA. OS ESPAÇOS SÃO BONS. NO CAMINHO, DEITEI AS FLORES QUE MAIS GOSTAS, PARA INDICAR A DIREÇÃO. SÃO DE TODAS AS CORES PRA NÃO CANSAR TEU OLHAR. 
O CÉU É PINTADO DE AZUL BEM CLARO, AMARELADO, INDICANDO QUE O SOL ESTÁ NO ALTO, COM TEMPO DE NÃO CHEGARES QUANDO A NOITE JÁ SE FIZER PRESENTE. 
DECOREI OS UMBRAIS COM FLORES PEQUENAS, BEM DELICADAS. DEITEI SOBRE AS JANELAS, ALGUMAS JARDINEIRAS. NELAS, COLOCO PEQUENAS FLORES, MISTURADAS COM ERVAS AROMÁTICAS. OS PASSARINHOS ADORAM. CHEGAM BEM PERTO E EMPRESTAM SEU CANTO, DANDO MÚSICA DE GRAÇA. OS INCENSOS SÃO DE LAVANDA INGLESA, UM CHARME. 
AS CORTINAS, SÃO FINAS, MOSTRAM A TRANSPARÊNCIA E DEIXAM ENTRAR UM POUCO DE LUZ E O AMBIENTE É TÃO GOSTOSO QUE DÁ VONTADE DE COMER. OS CANDELABROS SÃO VOLTADOS PARA O TETO E ENCHEM O AMBIENTE DE INTIMIDADE. 
OS MÓVEIS SÃO RÚSTICOS, E AS ALMOFADAS SÃO DE COURO LEGÍTIMO, COM TOQUE SUAVE DE PELE. 
NOS MÓVEIS, ELIMINEI OS EXCESSOS, SÃO APENAS ALGUMAS FOTOS ETERNIZANDO MOMENTOS QUE POR CERTO JÁ ESTÃO GUARDADOS NA MEMÓRIA. UM DELES, LEMBRA O PRIMEIRO BEIJO. 
A COZINHA É SIMPLES, APENAS O NECESSÁRIO PARA FAZER OS QUITUTES QUE MAIS GOSTAS DE COMER, SÓ PRA TE AGRADAR. 
BANHEIROS COMUNS COMO OS DE QUALQUER CASA. LIMPOS, BONITOS, COM A SIMPLICIDADE NECESSÁRIA. 
NO QUARTO, DEDIQUEI MAIS ATENÇÃO. ALI HÁ UMA CAMA ENORME, COM ESPAÇO PARA TRÊS, EU, VOCÊ E NOSSO AMOR. A COR É CALMA, E AO MESMO TEMPO, DELICIOSAMENTE QUENTE. NO CANTO HÁ UMA BANHEIRA COM SAIS AROMÁTICOS PRA EU TE DAR BANHO E TE FAZER MASSAGENS GOSTOSAS. 
DA PAREDE LATERAL DA CAMA, SAI UM ESPELHO ONDE PODEMOS FITAR NOSSOS CORPOS, COMO SE FOSSEM UMA PINTURA. IMAGINO UM LINDO QUADRO. 
RESTA APENAS QUE CHEGUES, TRAZENDO NA BAGAGEM, EXCESSO DE SAUDADE, NADA MAIS. 
ESTAREI À PORTA, À TUA ESPERA, CAMINHANDO PELOS QUATRO LADOS DA VARANDA, PRA TE RECEBER, DE QUALQUER CANTO QUE VENHAS, PRA APLACAR A SAUDADE QUE CABE DENTRO DO MEU PEITO, E COM O MESMO ABRAÇO, TE ABRAÇAR E COM O MESMO GOSTO TE BEIJAR, COMO SE FOSSE O PRIMEIRO BEIJO. 

VALENTINA FRAGA

28/04/2014 

terça-feira, 3 de junho de 2014

VONTADE DO TEU BEIJO


OS ROSTOS SE TOCAM. 
É FÁCIL SENTIR TEU CALOR. 
O DESEJO TOMA CONTA 
E ARDENTE, SE DETÉM EM 
APENAS TOCAR TEU ROSTO. 
NÃO COMPLETA O BEIJO, 
NÃO ESTALA, COMO TODOS OS BEIJOS. 
É INCOMPLETO, 
QUERENDO SE COMPLETAR. 
O CORPO SE COMPRIME CONTRA O OUTRO 
NUM DESEJO ARDENTE DE SE DAR. 
UMA DELÍCIA, 
ESSE PREPARO, 
ESSE ANTES, 
ESSE DESEJO QUE TOMA CONTA DO CORPO, 
DOS PENSAMENTOS. 
A IMAGEM SE FORMA, 
OS CORPOS COLADOS, AS LÍNGUAS 
DANÇANDO NA BOCA VIZINHA. 
O PERFUME IMAGINÁRIO ENTRANHA 
E CHEGA RÁPIDO O DESEJO DE CONSUMIR POR 
INTEIRO. 
E APENAS O TOQUE DOS LÁBIOS NO ROSTO. 
APENAS O CORPO VESTIDO, ROÇANDO, 
NA INTENÇÃO DE ENTREGAR. 

VALENTINA FRAGA